09 dezembro 2013

Operadoras lucram com a venda de torres

As operações de venda tratam da estrutura física da torre e não dos serviços de telecomunicações

 Em 12 meses, empresas de gestão de infraestrutura compartilhada pagaram mais de R$ 4,5 bilhões por ativos de rede da Oi e da Vivo

 A venda de torres de telefonia móvel e do direito de uso sobre outros ativos de rede é uma estratégia cada vez mais frequente entre as operadoras brasileiras para rentabilizar sua infraestrutura. Juntas, Oi e Vivo negociaram - desde dezembro do ano passado - pelo menos R$ 4,56 bilhões em ativos, montante que inclui vendas de torres de celular e do direito de uso de torres de telefonia fixa. As operações tratam da estrutura física da torre e não dos serviços de telecomunicações.

 Empresas especializadas em gerenciar e alugar o espaço nas torres de telecomunicações para as próprias operadoras, como a SBA Communications Corporation, estão entre as grandes compradoras desse mercado. A SBA estreou no Brasil em dezembro de 2012 com a compra de 800 torres de telecomunicações da Vivo, de acordo com Mark DeRussy, diretor Financeiro da companhia americana. Com valor de mercado de US$ 11 bilhões e faturamento previsto de US$ 1,3 bilhão em 2014, a SBA administra atualmente mais de cinco mil sites de telecomunicações no Brasil.

 Segundo DeRussy, os atrativos do mercado brasileiro incluem as perspectivas de crescimento econômico de longo prazo do país, o surgimento de uma nova classe média, a existência de várias operadoras disputando o mercado de telefonia móvel e a expectativa de forte expansão do tráfego de dados ao longo da próxima década, entre outros fatores. A operação mais recente da SBA no país foi a compra na semana passada - por R$ 1,52 bilhão - de 2.007 torres de telecomunicações da Oi, utilizadas no serviço de telefonia móvel. Em dezembro do ano passado, a Oi já havia negociado com o Grupo Torre Sur outras 1.208 torres celulares por R$ 516 milhões. Além das torres móveis, a operadora vendeu para três empresas os direitos de exploração comercial e uso de 6.339 torres de telefonia fixa. Desse total, 4.226 foram negociadas em abril, por R$ 1,08 bilhão, e 2.113 em julho, por R$ 687 milhões.

 Segundo a Oi, do ponto de vista financeiro a transação de venda de torres tem custo de financiamento mais atrativo do que uma captação no mercado financeiro, além de permitir à companhia economizar em investimentos e no pagamento de tributos. O reflexo dessas operações no caixa da empresa não é imediato. No seu balanço do segundo trimestre, a estimativa da companhia era de que a venda de torres de telefonia fixa, móvel e da GlobeNet, empresa de cabos submarinos de telecomunicações, teria impacto de R$ 550 milhões no Ebtida(lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 2014. A projeção não inclui a venda recente de 2.007 torres à SBA, anunciada na semana passada.

 "Esse tipo de operação é muito comum no exterior", afirma Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. "É um exemplo parecido com o de alguns bancos brasileiros, que venderam sua rede de agências e alugam os imóveis de quem os comprou". A Vivo informou que a venda de torres em dezembro de 2012 totalizou R$ 675,7 milhões. Outra operação realizada no segundo trimestre deste ano rendeu R$ 79,6 milhões. A Claro esclareceu por meio de sua assessoria de imprensa que "não há o interesse da operadora em realizar a venda de suas torres de telefonia para empresas terceiras."

 A TIM confirmou na semana passada que estuda modelos de negócio para gerar mais recursos a partir de transações envolvendo as 7.500 torres próprias de telefonia móvel que a empresa possui no país. "Existe um valor no ativo [TORRES]que deve e pode ser reconhecido. Se existe alguma maneira estruturada, operacionalmente positiva que gere maior valor sobre esse ativo para a companhia, nós estaremos dispostos a analisar e a buscar concretizar uma transação", esclareceu Rodrigo Abreu, presidente da TIM no Brasil. A avaliação é conduzida pelo banco Morgan Stanley.

 Abreu disse que não há uma estimativa do valor potencial que a empresa poderia arrecadar com este tipo de negociação. "Estamos fazendo uma avaliação de tudo: quais são os ativos, onde estão, e quais são os melhores. A fase em que estamos é a de análise das estruturas possíveis da transação", disse. Por Rodrigo Carro | Brasil Econômico
Fonte: portalsoma 09/12/2013

09 dezembro 2013



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